segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Censura na ditadura: uma política que cavou a própria cova social

"O golpe militar de 1964 trouxe mudanças para a sociedade e na política instaurando um clima de censura e repressão. Os estudantes, os movimentos sociais e políticos de artistas e intelectuais sofreram com a ação repressiva do Estado. O CPC (Centro Popular de Cultura), por exemplo, não resistiu ao golpe militar. Porém, mesmo com a intensificação da repressão após 1968, as manifestações culturais de protesto continuaram combatendo a indústria cultural que era manipulada pela política repressiva e, muitas vezes, violenta da ditadura militar. 
No âmbito musical, os anos 60 foram marcados pelo rock e pela black music que teve sua origem nos EUA em meio ao surgimento do movimento negro e da ascensão de Martin Luther King como um dos líderes desse movimento. Na Inglaterra, o rock seria representado principalmente pelos Beatles e Rolling Stones tendo uma visão mais crítica, responsável por uma juventude que tinha uma rebeldia diferenciada do público jovem nos Estados Unidos.
No Brasil, além da influência do rock inglês e norte-americano, ganhava espaço no cenário musical artistas brasileiros. Podemos notar o aparecimento de uma geração de cantores que mais tarde com o AI-5 foram exilados do país tendo sido muitas de suas canções censuradas pelo regime militar. Dentre estes artistas estão Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Geraldo Vandré, Nara Leão, Gilberto Gil etc.
A música de Vandré Para não dizer que não falei das flores tornou-se o hino das passeatas do movimento estudantil; outras como Aquele abraço, de Gil e Soy loco por ti América, cantada por Caetano, falavam do exílio e do guerrilheiro Che Guevara. Estes artistas continuaram influenciando os jovens na geração seguinte, principalmente o movimento Tropicalista de Gil, Caetano e Chico. Outros artistas também se destacaram como Os Mutantes, Secos e Molhados, Elis Regina e Raul Seixas.
Os estudantes estavam diretamente envolvidos e participavam destes movimentos culturais. E a geração da década seguinte herdou essa criticidade presente no teatro, na música e no cinema. Todas as manifestações culturais dos anos 60 contribuíram para que em 1968 explodissem revoltas em diversos países que contestavam a política e a sociedade."
Fonte:
http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/BaleianaRede/Edicao06/6c_o_papel_dos_movimentos_culturais.pdf


Como é perceptível - não apenas nesse texto de Jordana de Souza Santos, mas em qualquer história, relato, artigo ou simples conversa de bar sobre o assunto - a política da ditadura militar brasileira sempre se preocupou com áreas que podem espalhar novas ideologias, desde músicas e peças até as salas de aula.

O simples fato de censurarem certa música ou peça ou o fato de prenderem – até mesmo assassinarem - um professor mostra uma insegurança imensa da parte dos governantes desse período. Isso tudo confirma que eles não tinham o apoio completo da população. Além disso, existia, tanto na música quanto no teatro, a tentativa de burlar a censura e algumas obras conseguiam chegar aos espectadores e ouvintes.  Esse movimento gerava mais pessoas descontentes com o regime e com isso a impopularidade da ditadura só aumentava.

Isso afetou a sociedade de tal forma que até hoje muitas pessoas, de diversos cunhos políticos, concordam que a ditadura militar brasileira foi um período negativo para o país. A motivação da maioria dos brasileiros ao lembrarem ou estudarem essa época, considerada um período de "trevas", é a esperança que algo parecido nunca mais aconteça no Brasil.


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